Goiânia: A visita de Rogério Cruz, Prefeito "Tapa-buraco"?, ao Jardim Guanabara


Quem passou pelas ruas do Guanabara 3, próximo ao antigo CAIS, na última sexta-feira, 08, notou uma movimentação atípica. Tratava-se da visita do prefeito Rogério Cruz e sua equipe, que contava com vereadores e chefes de importantes pastas da gestão municipal, a exemplo do secretário de educação Wellington Bessa

O chefe do executivo estava no local para anunciar o novo projeto de reforma e ampliação da UPA do Jardim Guanabara. De acordo com a prefeitura, será uma das maiores unidades da cidade. As obras estão paradas desde o ano passado, quando a empreiteira responsável abandonou o projeto.

Dona Maria de Jesus, moradora da região, relatou à equipe desta coluna a situação de descaso e abandono que a UPA enfrenta: "Está sendo tudo destruído, estão destruindo o que já foi feito (...) É muito triste isso, sabe. Nós precisamos de gente pra cuidar disso aqui"; Maria de Jesus também destacou as dificuldades que a inoperância da unidade de saúde vem impondo à população do Guanabara: "Nós precisamos do postinho aqui. (Hoje) se precisa de qualquer emergência, a gente tem que correr lá em Campinas, na Vila Nova, Urias, pra socorrer. Dengue é o que mais tem, nós precisamos do carro do fumaçê pra bater aqui".


Prefeito ladeado pelo vereador Thialu Guiotti e pelo Secretário de Saúde Durval Ferreira

Durante a visita da comitiva do poder público municipal, uma cena chamou a atenção dos moradores. Um caminhão da COMURG, bem como um grupo de trabalhadores da companhia, chegaram no local com ferramentas usadas em processos de recapeamento asfáltico. Gradualmente, os funcionários tamparam buracos no asfalto na rua da UPA. Dona Helena, que passava por lá no momento e presenciou o acontecimento, avaliou: "Esses buracos são tampados só quando vem uma autoridade aqui, porque se você olhar naquela outra rua ali, tem um buraco tão grande que, se cair uma camionete, ela quebra a roda", a moradora ainda explicou: "Eu acho que esse prefeito está deixando muito a desejar. Ele devia andar pela periferia e ver a situação que a gente vive".

Dona Helena ainda aproveitou para contar à nossa equipe sobre como ela enxerga a postura da prefeitura em relação a outro tema que tem ocupado as pautas da imprensa de Goiânia nas últimas semanas, a greve da educação, que durou mais de 28 dias: "A minha filha é professora (...) está nessa situação, sem esses repasses, sem esses reajustes e sem canal de comunicação, porque eles não dão abertura para uma negociação sensata para a classe dos professores e administrativos. Está faltando interesse da parte do prefeito. Essa verba não sai só da prefeitura. Vem verba federal", contou Helena, referindo-se aos recursos do FUNDEB, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica.

Depoimento de moradoras 👇👇


De forma concomitante, dentro da UPA, a pauta da educação voltava a ser apresentada ao prefeito. Aproveitando a visita de Rogério Cruz a região, uma professora da rede municipal questionava o mandatário sobre a recusa, do poder municipal, em atender as reivindicações dos trabalhadores da educação. Junto do secretário de educação, Wellington Bessa, o prefeito insistia na ideia que já foi veiculada em muitos canais de comunicação: a de que todos os professores do município de Goiânia já recebem acima do piso. A interpretação, porém, é equivocada, uma vez que piso não é teto, é reajuste que precisa ser aplicado no valor do vencimento. A valente professora debateu com o prefeito e o secretário, e demonstrou sua indignação com o fato da prefeitura não acatar o cumprimento da lei (tanto do piso, quanto da data-base).

Esse dia agitado nos remete a todos os acontecimentos que levaram Rogério Cruz ao poder, desde as alianças políticas até as fatalidades transcorridas. A prefeitura caiu no colo de Cruz, ou teria sido Cruz a cair no Paço Municipal?, Ao que parece, Cruz continua colhendo as consequências de seu despreparo e de sua inabilidade para o cargo mais importante da capital do Estado.

Chamado pelos cantos de "paraquedista", os acontecimentos no Guanabara mostram que talvez seja melhor defini-lo como "tapa-buraco", um desses colocado às pressas e de forma constrangedora que, por isso mesmo, será desfeito após a primeira chuvarada.


George Carlos - Professor Mestre em História pela UFG / Coluna Antonio Oliveira

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