Mudanças de hábitos durante a pandemia refletem na saúde cardiovascular

Falta de atividades físicas e má alimentação contribuem para o aparecimento de problemas

Cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença no coração e cerca de 400 mil morrem por ano em decorrência dessas enfermidades, o que corresponde a 30% de todas as mortes no País, apontam dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

São cerca de mil óbitos por dia, números que podem estar sendo agravados em função da pandemia da Covid-19, mostrando ser este um assunto de absoluta relevância. “O medo de contaminação pela Covid fez com que pacientes deixassem de procurar auxílio para outras doenças”, afirma o cardiologista Frederico Nacruth.

A SBC vem acompanhando a situação devido à redução no número de atendimentos cardiológicos de urgência no País durante a pandemia. Dados divulgados pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen-Brasil) mostram que houve aumento de quase 7% no número de óbitos por doenças cardiovasculares nos primeiros seis meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020. Foram mais de 140 mil mortes registradas contra mais de 150 mil no mesmo período deste ano.

Colesterol

“O vírus da Covid-19 está longe de ser a única preocupação para a saúde durante a pandemia. Alterações nas taxas de colesterol também vêm nos preocupando”, alerta o médico. Conforme levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) houve queda de 28,5% na quantidade de exames de dosagem de colesterol HDL realizada em todo o ano de 2020, quando comparada com 2019. No entanto, os números apontam uma retomada com os cuidados com a saúde, por parte da população, nos cinco primeiros meses de 2021, registro de aumento de 16,8% nesse tipo de exame, comparado com igual período de 2020. Ainda assim, a procura continua 18,3% abaixo do que foi registrado de janeiro a maio de 2019, quando não havia a presença do coronavírus.

Obesidade

“E mais, 90% dos pacientes estão mais sedentários, sendo que 82,2% deles estão aumentando de peso”, indica o médico, considerando que diagnosticar e tratar de forma proativa a obesidade é fundamental para reduzir a mortalidade por todas as causas em todo o mundo. “Os dados são alarmantes. Caso a prevalência da obesidade continue aumentando no ritmo atual, quase metade da população adulta mundial estará com sobrepeso ou obesidade até 2030”, aponta Frederico.

Sedentarismo

O impacto do isolamento social pode contribuir com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O sedentarismo misturado com hábitos alimentares não saudáveis pode causar problemas graves para a saúde, em especial, do coração. 

A falta de atividade física resulta em doenças que elevam o risco de problemas cardiovasculares como a angina, infarto agudo do miocárdio e tromboses. “Entre as doenças que são fator de risco para o coração estão a própria obesidade, a hipertensão, as alterações nos lipídios e diabetes tipo 2”, enumera Frederico, advertindo que pessoas que passam mais de 10 horas na cadeira, por dia, têm nível de troponina (principal marcador bioquímico utilizado para confirmar o infarto) acima do normal. “A ausência de movimento gera acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem do sangue, comprometendo a circulação e o funcionamento do coração. As consequências são refletidas no organismo e no desempenho de suas funções”, completa.

Naiara Gonçalves
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