Os países mais felizes do mundo em 2019

Países nórdicos concedem generosas licenças-maternidade e paternidade
A Finlândia teve a maior pontuação nos seis fatores analisados pelo ranking: apoio social, corrupção, renda, liberdade, confiança e expectativa de vida saudável

Apesar do frio e de seus longos e escuros invernos, a Finlândia foi apontada como o país mais feliz do mundo pelo segundo ano consecutivo, segundo o World Happiness Report, um relatório produzido por organizações e institutos de pesquisa internacionais e divulgado em um evento das Nações Unidas

A Finlândia é o país com maior pontuação em seis fatores do ranking: apoio social, corrupção, renda, liberdade, confiança e expectativa de vida saudável. São 156 países analisados, e o Brasil está em 32º lugar.

O relatório mede o "bem-estar subjetivo" - o quão felizes as pessoas são, e por quê.

Outro destaque do ranking é que ele é dominado por países nórdicos - além da Finlândia, estão entre os dez primeiros a Dinamarca, a Noruega, a Islândia e a Suécia.


O que torna esses países tão felizes - e o quanto dessa felicidade é genuína?

Topo da lista

Já faz tempo que os países nórdicos lideram rankings do tipo. A explicação mais conhecida para isso é que, embora esses países tenham altas alíquotas de imposto sobre a renda, a população recebe em troca serviços estatais de alta qualidade.

Dinamarqueses, por exemplo, pagam até 51,5% de impostos sobre sua renda, mas conseguem estudar gratuitamente e com qualidade até a universidade, têm sistema de saúde pública de alto nível, licença-maternidade e paternidade generosa e auxílio-desemprego.

O país dá amplo apoio a pais e mães, com creches públicas, e tem orgulho de seu legado em direitos femininos.

A Finlândia, por sua vez, foi o segundo país do mundo a dar às mulheres o direito ao voto e o primeiro a conceder a elas plenos direitos políticos.

Ali, 41,5% dos parlamentares são mulheres; nos EUA, por exemplo, elas ocupam apenas 24% dos assentos do Congresso atual.

'Hygge'

Existe um conceito dinamarquês traduzido como "acolhedor" ou "aconchego" que se refere a reconhecer momentos de alegria extraordinária ou de reconhecimento social.

O conceito do "hygge" (pronuncia-se "hu-ga") foca no valor das experiências e dos relacionamentos, mais do que em bens materiais. Por exemplo, sentar-se junto à lareira em uma noite fria, vestindo uma roupa quente, bebendo vinho e acariciando um animal de estimação pode ser, para alguns, a tradução perfeita de hygge.


Suécia, Noruega e Finlândia também têm seus conceitos equivalentes de hygge.

Os finlandeses, por exemplo, têm suas saunas, que há milhares de anos promovem uma tradição sagrada para criar vínculos com outras pessoas, sob rígidas regras e costumes.

Os suecos têm a "fika", que pode ser traduzida como "um café", mas que na prática é um momento cultural obrigatório, que as pessoas fazem ao mesmo tempo, para socializar entre si.

O mal da 'utopia da felicidade'

No entanto, alguns finlandeses afirmam que os fatores por trás de rankings de felicidade não refletem sua felicidade em si, mas sim sua qualidade de vida.

O argumento por trás disso é que os fatores sendo analisados não registram, de fato, a emoção da felicidade, que é subjetiva para cada indivíduo.

No ano passado, um relatório do Conselho Nórdico de Ministros e o Instituto da Pesquisa da Felicidade, em Copenhague, indicou que a fama dos países nórdicos como uma utopia da felicidade acabava encobrindo problemas significativos de parte da população, sobretudo entre os mais jovens.
A aurora boreal na Finlândia; mesmo com longos invernos, países nórdicos têm alto índice de felicidade em rankings internacionais, mas especialistas dizem que esses levantamentos não conseguem medir a felicidade subjetiva
Os pesquisadores analisaram dados coletados durante cinco anos, entre 2012 e 2016, para tentar construir um retrato mais fiel desses chamados "superpoderes da felicidade".

E descobriram que 12,3% da população que mora nos países nórdicos admitiram estar sofrendo ou tendo dificuldades; entre os jovens nórdicos, essa porcentagem é de 13,5%.

Saúde mental

Outra descoberta é que a saúde mental é uma das barreiras mais significativas para o bem-estar subjetivo.

"Cada vez mais jovens estão se sentindo solitários e estressados, tendo distúrbios mentais", diz Michael Birkjaer, um dos autores do estudo. "Estamos vendo uma epidemia de problemas mentais e solidão alcançando as costas dos países nórdicos."

Na Dinamarca, 18,3% das pessoas entre 16 e 24 anos afirmaram sofrer de problemas mentais; entre as mulheres nessa faixa etária, a proporção subia para 23,8%.

O relatório também identificou que, na Finlândia, o suicídio foi responsável por um terço de todas as mortes registradas nesse mesmo grupo etário.

Esses dados podem parecer sombrios, mas são índices muito inferiores aos registrados em países como Rússia e França.

Enquanto 3,9% da população nórdica foi marcada na categoria "em sofrimento" na pesquisa, essa porcentagem subia para 26,9% na Rússia e 17% na França.

Ou seja, o retrato da Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia continua sendo relativamente róseo - só não é tão perfeito quanto alguns pintaram.

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